Sobre o Museu
Edifício /
Espaço Hipólito
Casa Hipólito
A Casa Hipólito é obra de António Hipólito, torriense adotivo já que a sua origem está em Alcobaça. Órfão de pai é colocado num asilo e após a sua saída da instituição, aos 13 anos, vai trabalhar para uma oficina para aprender o ofício de latoeiro. Terá chegado a Torres Vedras em 1895, segundo conta Joaquim Moedas Duarte, no seu livro dedicado à Casa Hipólito, publicado em 2017.
António Hipólito cria a sua oficina de latoeiro em 1902. Dois anos depois fabrica o seu primeiro gasómetro, percebendo que a agricultura vinícola é um mercado em expansão e que produtos produzidos por si poderiam substituir os que eram importados. Assim, de pequeno empresário transforma-se em industrial (Duarte, 2017, p. 46).
A evolução dos trabalhos levam a que António Hipólito crie várias oficinas no centro histórico da cidade de Torres Vedras, que mais tarde seriam designadas por Fábrica A da Casa Hipólito. Em 1926 é realizada a 1.ª Exposição Agro-Pecuária e Industrial de Torres Vedras, António Hipólito faz parte da comissão executiva e tem os seus produtos expostos. A iniciativa é um sucesso e tem destaque nos jornais da capital, merecendo a visita de membros do Governo. Cinco anos depois, aos 48 anos, o industrial recebe a insígnia de Comendador da Ordem de Mérito Industrial, atribuída pelo Presidente da República Óscar Carmona, devido ao destaque que a Casa Hipólito alcança junto do tecido empresarial nacional.
A década de 30 é marcante para o desenvolvimento da marca Hipólito que entra em expansão nacional e “adquire a representação da marca alemã Petromax” (Duarte, 2017, p. 65), mas também porque se inicia a produção dos fogareiros Hipólito que se tornaram famosos pela sua qualidade e resistência. Em 1934, trabalham para a empresa 80 pessoas.
Em 1943, António Hipólito adoece – acabando por falecer 10 anos depois - e a gestão da empresa passa para o genro, Vasco Parreira. No livro de Joaquim Duarte, lê-se que a Casa Hipólito nos anos 40 tem cerca de 200 trabalhadores e que continua a crescer, apesar das dificuldades que a Segunda Guerra Mundial representam para a sociedade, criando novas áreas industriais em parceria com outras empresas.
Nos anos 60 é criada a Fábrica B no complexo industrial Hipólito, no Bairro Arenes, que é ampliado nos anos de 1971 a 1973. A empresa fabrica lanternas Petromax e Aida, em exclusivo, para muitos países da Europa e Ásia e faz a montagem de equipamentos em adegas de todo o país (Duarte, 2017. p. 66).
O 25 de Abril de 1974 altera a conjuntura económica da Casa Hipólito e dos seus cerca de 1.235 trabalhadores. As décadas de 80 e 90 sentenciam o declínio da empresa. A falência da Casa Hipólito é decretada em 22 de maio de 1999.
Aplique metálico de grandes dimensões com o símbolo da Casa Hipólito, acervo do Museu Municipal Leonel Trindade
STRiDA,
a bicicleta dobrável
que foi produzida
pela Casa Hipólito
No início dos anos 90, a administração da empresa, através de uma parceria com Mark Sanders, consegue a produção da bicicleta dobrável STRiDA. Os empresários estavam confiantes que a produção de novos produtos poderia revitalizar e estabilizar a Casa Hipólito.
No site da marca lê-se que a bicicleta foi projetada por Mark Sanders como parte de seus estudos de pós-graduação do curso de Engenharia de Design Industrial, administrado em conjunto pelo Imperial College e o Royal College of Art em Londres.
O projeto foi apresentado em 1985 e recebe o prémio Giorgetto Giugiaro, na categoria "Concept Bike", além de ter sido noticiado o protótipo da STRiDA no Tomorrow's World, da BBC, e no The Sunday Times. No mesmo ano Mark Sanders reúne-se com o empresário James Marshall e o projeto de produção é iniciado.
Em 1987, a STRiDA é apresentada no Harrods, em Londres, e no ano seguinte ganha os três prémios no UK Cyclex Bicycle Innovation Awards: Melhor Novo Produto, Mais Inovador e Melhor Design Britânico. A produção muda de Glasgow para Nottingham.
No ano de 1990, a produção da bicicleta dobrável muda-se para Portugal, mais propriamente para a Casa Hipólito. Desde que a bicicleta foi apresentada até 1992 foram vendidas 25 mil unidades da versão 1.
Em 1997, a Roland Plastics, uma empresa do Reino Unido, adquire os direitos de produção da STRiDA versão 2 e transfere a produção de volta para o Reino Unido. Atualmente, a bicicleta é produzida pela empresa Ming Cycle, em Taiwan.
Bicicleta SRTiDA, versão 1, produzida pela Casa Hipólito entre 1990 e 1997, acervo do Museu Municipal Leonel Trindade
O refeitório
da Casa Hipólito
O edifício que hoje recebe o Museu do Ciclismo Joaquim Agostinho é um antigo refeitório, que a empresa Casa Hipólito construiu no complexo industrial Hipólito. O espaço foi construído entre dezembro de 1966 e junho de 1967 por Altino Gromicho, sendo que é notória a influência de Le Corbusier e Niemeyer na estrutura.
Na sequência da falência da Casa Hipólito, o pavilhão central da fábrica foi demolido para dar lugar à construção de uma grande superfície. No processo de licenciamento desta operação, o Município tomou posse do edifício do refeitório, por ser um edifício singular com valor patrimonial a conservar.
Visita dos administradores da Casa Hipólito durante a construção do refeitório, acervo do Museu Municipal Leonel Trindade
Loja
Museu do Ciclismo
A Loja do Museu do Ciclismo Joaquim Agostinho apresenta uma variada oferta de produtos e objetos que prolongam a memória da visita ao equipamento, dando acesso a peças únicas de elevada qualidade e que homenageiam o ciclismo, a bicicleta e Joaquim Agostinho.